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quinta-feira, 6 de abril de 2017

"For Louis-Ferdinand Céline: Voyage au bout de la nuit"





Exposição individual de Anselm Kiefer, na Galeria Copenhagen Contemporary 





A guerra e a decadência humana sempre foram temas centrais para Anselm Kiefer. Para essa exposição, ele apresenta uma série de esculturas de aviões de combate usados na II Guerra Mundial e na Guerra da Coréia; e também pinturas que fazem referência à fotografias do Deserto de Gobi, realizadas pelo artista - e ainda a uma cena do livro The Book of Franza, da escritora Ingeborg Bachmann, na qual o personagem principal busca, em vão, algum tipo de consolo na aridez do deserto.

Nesse sentido, as obras repercutem a preocupação do artista e sua reflexão acerca de nossa época, tendo em vista os acontecimentos que estão ameaçando, mais uma vez, o mundo em que vivemos - o fortalecimento do Estado Islâmico, a crise dos imigrantes, o agravamento da intolerância, o avanço da extrema direita, as constantes ameaças e declarações de guerra: "Quando eu comecei a trabalhar, em 1960, eu disse que 1945 não era o começo de uma nova era. Toda a confusão continua aí, apenas recebeu uma fina camada de democracia - mas os problemas continuam aí. Isso pode ressurgir a qualquer momento. E agora, nós estamos vivendo em uma época extremamente perigosa. Coisas terríveis estão acontecendo, porque nossa humanidade foi construída de maneira errada". 
Kiefer certamente não é um pessimista, nem tampouco um niilista. Sem dúvida, sua obra não pretende condenar o mundo e a humanidade. Pelo contrário, quando ele, com certa melancolia, expõe o mundo como um deserto sombrio, no qual é impossível a nós experimentar algum consolo para nosso sofrimento, alguma redenção da dor, ele pretende, com essa imagem, nos estimular a muda-lo: "Eu não acho que não há esperança. Você deve criar esperança, caso contrário não se pode viver".

Veja também:
"Nós que aqui estamos, por vós esperamos". Premiado documentário sobre a história do século XX;
Curso de História da Filosofia Contemporânea. Um recorte, nos pensamentos de Nietzsche e Heidegger, sobre os aspectos fundamentais da contemporaneidade e uma visão das críticas que ambos os filósofos fazem aos desígnios de nossa época.
Entrevista com Martin Heidegger, na qual ele aborda a questão do perigo de nossa subordinação à técnica, à ciência.
Entrevista com Gilvan Fogel, na qual ele busca, com a imagem do deserto, pensar a nossa época. 

Curjj
Fonte: Artsy

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