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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O mito e a concepção de orixá no candomblé

VI Congresso Internacional de Filosofia da Psicanálise e
X Simpósio de Filosofia e Psicanálise: Tempos de guerras atuais


O mito e a concepção de orixá no candomblé

Juliana Pessoa

Em seu texto “Para quê poetas?”, escrito no ano de 1946, Heidegger nos alerta para o fenômeno da fuga dos deuses, que ameaça arrancar o fundamento do mundo e apagar a sua história. De acordo com o filósofo, essa fuga da divindade não significa que nós perdemos nossa capacidade de estabelecer alguma relação possível com os deuses e professar uma determinada religião. Esse fenômeno não é da ordem religiosa, mas ontológica, isto é, se relaciona com o modo como o homem compreende a verdade e, consequentemente, concebe o que é real. De uma maneira geral, nossa época não reconhece mais os deuses como o fundamento da realidade; e mais, segundo Heidegger, já estamos praticamente nos tornando incapazes de sentir essa ausência do sagrado como uma falta. Essa incapacidade é o principal índice da positividade de nosso esquecimento.


A ameaça que nos aflige mediante essa falta se dá, sobretudo, porque quando a divindade deixa de ser o fundamento, o homem passa a tomar a si mesmo como medida das coisas, compreendendo-se como senhor e dono da natureza, como afirmou Descartes. É essa compreensão a base de toda modernidade, que anuncia o advento da autocerteza do homem, sustentada pela ciência. Os institutos de ciência e tecnologia se tornam, assim, os novos bastiões da verdade, assumindo para si a tarefa de proferir a certeza do conteúdo da vida, por meio da elaboração de uma teoria do real.

Essa certeza deriva do fato de a ciência, de acordo com Heidegger, se ocupar exclusivamente com os entes, as coisas “reais”, isso que está aí diante dos olhos, disponível, à mão. Isso significa que nossa época toma como verdade exclusivamente o que das coisas pode ser calculado, contabilizado, investigado, de modo que todos os processos naturais precisam se tornar grandezas numéricas, para não apenas poderem ser descritos e representados com exatidão, como também poderem atender a alguma funcionalidade técnica. Para o filósofo, mediante a fuga dos deuses, cada vez mais depressa, cada vez de maneira mais abusiva e completamente, o fundamento de nossa existência vai sendo ocupado pelo domínio técnico da terra. Assim tanto a coisidade das coisas, quanto a nossa humanidade são dissolvidas em um valor calculável no mercado mundial.
Em nome de nossa vontade de verdade e dominação, nos tornamos meros funcionários da técnica a serviço do capital, experimentando, em vida, segundo Heidegger, a indigência de nossa essência humana. Por crermos, assim, tão cegamente, na opinião segundo a qual o progresso científico-tecnológico e o desenvolvimento da economia põem o mundo em ordem, mal podemos sentir a ausência do sagrado como efetivamente uma falta em nossas vidas. Para o filósofo, a indigência dessa nossa condição é mais grave do que a tão falada bomba atômica.  Afinal, só é possível “inventar” algo assim tão hediondo, capaz de aniquilar a vida na terra, mediante a total ausência dos deuses, com o império e a dominação dos homens. No entanto, essa constatação, nos assevera Heidegger, não expressa um pessimismo cultural, muito menos, obviamente, um otimismo.  O fenômeno da fuga dos deuses, que ameaça o fundamento do mundo e a sua própria existência, é demasiado grave, que tais categorias, como pessimismo e otimismo, de há muito se tornaram pueris, ingênuas (Cf HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica, p. 65).

Estamos tão comprometidos com os desígnios da modernidade, iludidos com sua promessa de um progresso incondicional, que apenas tomamos como verdade o que a ciência afirma como tal. Nós nos sentimos tão orgulhosos com o nível de esclarecimento alcançado em nosso tempo e projetamos um futuro tão fabuloso (em Marte ou Plutão), que nos esquecemos completamente da época sagrada das origens, quando poetas cantavam para nós a memória do mundo. Um cantar que nos falava do nascimento dos deuses e de seus grandes feitos para criar o ar, a água, a terra, o fogo, os seres vivos; e que, com isso, não apenas aprendíamos sobre tudo o que há no mundo, como principalmente sobre como esse todo é irmanado, à medida que compartilha a mesma origem divina. De modo que, no passado, graças aos poetas, os homens mantinham viva a memória da divindade e, assim, aprendiam a reconhecer tanto na natureza, como neles próprios os seus vestígios. Contudo, já estamos bem distantes da grande época da poesia. Mal nos damos conta de que a falta da divindade, assim como nos esquecemos que a poesia já foi a única interpretação verdadeira da realidade. De modo que nem estranhamos a indigência que nos ameaça.

Como consequência desse esquecimento, quando nos perguntamos “para quê poetas em tempo indigente?”, a resposta que, de imediato, nos vem à cabeça é, sem dúvida, para nada. À primeira vista, parece que Heidegger está concordando com Adorno, quando este afirmou que era impossível fazer poesia depois de Auschwitz, como se, para nós, modernos, a poesia tivesse se tornado algo obsoleto, e estivesse, irreversivelmente, condenada a ser uma coisa do passado, para a qual o homem tornou-se incapaz. Essa opinião apressada se deve ao fato de que, graças ao esquecimento da grande época das origens e a perda do estatuto de verdade da poesia, essa passou a ser vista como uma simples atividade de escrever versos; algo ligado à cultura, cuja finalidade é tanto promover a nossa erudição e o refinamento de nossa sensibilidade, quanto nos entreter em nossos momentos de ócio. Desse modo, seria muito mais lógico, para nós, se Heidegger visse nos cientistas, e não nos poetas, a possibilidade de uma superação dessa indigência que ele nos alerta.

Tal opinião a respeito da poesia deriva, principalmente, do modo como a tradição filosófica (que é o berço da ciência) sempre tratou esse tema. Incialmente, com Platão, o primeiro filósofo a criticar e rejeitar a poesia como uma interpretação verdadeira da realidade, aprendemos que os poetas estão afastados três graus da verdade. Para Platão, no primeiro nível da verdade está o filósofo, que contempla as ideias; em segundo lugar, estariam todas as demais técnicas que produzem uma cópia da própria ideia; e, por sua vez, em terceiro lugar, estariam os poetas, que apenas copiam essas cópias, sem terem acesso às ideias. Só que, apesar disso, eles nos iludem com uma aparência de verdade, constituindo-se, desse modo, como uma ameaça tão nociva à formação do homem, que Platão chegou ao ponto de bani-los de sua república.

Para consolidar esse esquecimento da poesia como o fundamento do mundo, legado pelo platonismo, Kant, na construção de seu sistema crítico, concebe que a poesia e a arte, de um modo geral, estão restritas à emoção estética ou sentimento do belo, não possuindo, desse modo, nenhuma participação direta com a verdade. Pelo contrário, a relação da poesia com a verdade é de subordinação. No máximo, ela nos dá muito a pensar, sem, contudo, nos levar a compreender nada, de fato. Consequentemente, foi se consolidando a opinião corrente segundo a qual a poesia é da ordem das coisas frívolas e inúteis, uma atividade inventada pelo homem para nos entreter em nossas horas vagas, quando já cumprimos todas as obrigações sérias que a vida nos impõe. De modo que, para a opinião corrente, o caráter de verdade atribuído pelos antigos à poesia se deve à sua incipiente estrutura racional. Acreditamos, com uma fé cega, que nossa sociedade atual representa o suprassumo da evolução humana, que tomamos as civilizações do passado, inclusive a grega, como uma tenra infância da humanidade. Como se eles ainda não tivessem tomado consciência da verdade, não tivessem despertado para a racionalidade por trás de todos os fenômenos e, por isso, para explicarem o mundo precisam recorrer aos mitos. De modo que hoje somos mais inteligentes, mais lúcidos, mais livres do que nossos antepassados, enfim, nossas capacidades humanas são muito mais elevadas e desenvolvidas para ainda acreditarmos nos mitos sobre deuses e heróis inventadas por poetas para explicar a origem do mundo. Essas formulações confusas, que apelam para uma dimensão inefável, oculta, misteriosa, sagrada, divina do real já não satisfazem nossa vontade de verdade. Tudo isso soa nos dias atuais como um tipo de vida atrasado, primitivo, irracional – coisa do passado.

Nossa vontade de verdade, sustentada pela ciência, quer poder dominar e assegurar o que é “real”, de modo a torna-lo fato, fórmula, recurso natural. Diante dessa vontade, tudo para poder ganhar o estatuto de verdade precisa já ter sido constatado, representado, calculado, isto é, comprovado cientificamente. Assim, o que não pode ser apreendido por seus aparelhos, no interior de seus laboratórios, na averiguação de suas pesquisas, não tem estatuto de verdade, logo não existe. Nesse sentido, desde a ótica da ciência, o mundo é uma armação previamente planejada. Ou melhor, é como se isso que o mundo é derivasse do que a ciência vê, constata e afirma; de modo que não há na lucidez dessa imagem nenhum vestígio para o incognoscível, o misterioso, o oculto, o divino, o sagrado, nem tampouco para a criação poética. E ainda se faz necessário afirmar que tamanho ímpeto de projetar uma teoria do real não é algo gratuito, mas se presta a tornar o mundo disponível para o domínio da técnica e do capital, a fim submetê-lo ao ímpeto incondicionado da produção e do mercado.

Desse modo, de acordo com Heidegger, o império e a dominação dessa ótica ameaçam arrancar o mundo de seu fundamento, aniquilando tanto a humanidade do homem, quanto a coisidade das coisas, à medida que não pensa e, inclusive, impede de pensar o sentido originário do mundo, de nossa existência, das coisas. Pois esse sentido originário representa uma ameaça à vontade de dominação da ciência, à medida que é uma contraposição à positividade de sua certeza. Por isso a sua pressa em desprezar tudo que difere de seu modo de ver como irreal, primitivo, charlatanismo. Sem dúvida, as proposições científicas possuem o seu mérito, mas não devem ser tomadas como verdades absolutas, nem podem determinar os rumos de nossa história, como é o caso desde há muito, sob o risco de vermos consumado o que ainda para nós vigora apenas como uma ameaça.

Para Heidegger, precisamos superar essa postura ingênua, que acredita que o pequeno eu de algum homem individual poderia calcular o critério da realidade do real. É nesse sentido que o filósofo compreende a resposta para a questão, para quê poetas em tempo indigente? Para que eles possam cantar, mais uma vez, a memória do mundo, nos fazendo recordar o seu fundamento e, assim, indicar o caminho para a superação de nossa indigência. Heidegger vai buscar a origem divina da poesia grega, como canto das Musas, para mostrar como ela promove uma compreensão da realidade muito mais apropriada do que a ciência é capaz de fazer, porque se funda em algo muito mais ontológico do que qualquer teoria do real, a saber, no mito.

Para o filósofo, o mito é a saga, isto é, a fala essencialmente primordial, que provém da essência da própria alethea. Apesar de, quase de imediato, compreendermos alethea como verdade, Heidegger faz questão de traduzir o termo grego alethea como desvelamento, a fim de ressaltar o acontecimento fundante por trás dessa palavra. Desse modo, o mito é a fala cuja essência se funda no fenômeno do desvelamento; por isso mito é também “a palavra grega que expressa o que pode ser dito antes de tudo o mais” (HEIDEGGER, Martin. Parmênides, p. 92). Isso porque seu dizer revela, descobre e deixa ser visto isso que está presente em tudo que aparece e nasce, a saber, o oculto vestígio do sagrado.

Desse modo, em sua palavra, o mundo pode renascer, à medida que ela guarda a memória de sua proveniência. Para Heidegger, nossa indigência é fruto do esquecimento dessa origem e por isso precisamos de poetas, que guardam essa memória viva em seu cantar. Contudo, sem dúvida, essa memória que os poetas guardam não é a lembrança de algum fato vivido. A memória poética se dá por meio da possessão das Musas, que narram ao poeta tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que será. É por meio dessa possessão ou loucura divina que o poeta conhece a origem do mundo, o nascimento dos deuses, a criação da humanidade e a misteriosa comunhão da vida na terra. Desse modo, não é o poeta quem inventa o mito – a história que narra a saga das origens – mas ele é o seu guardião e porta-voz. Daí deriva a máxima importância e reverência que o povo grego concedia à poesia: quem conhece o mito não apenas conhece a origem das coisas, como também é capaz de se impregnar de seu poder sagrado e ancestral. A poesia abre ao homem grego uma via de acesso para o tempo forte das origens, quando algo de novo e pleno de sentido quis se fazer presente e manifesto. Assim, graças aos seus poetas, aquele povo podia não apenas conviver com os seus deuses, como também participar do espetáculo da criação do mundo. A verdade poética, desse modo, é de uma ordem bem diferente da verdade científica, pois ao contrário de buscar representar o mundo, o poeta quer nos transportar para a sua origem e, assim, nos tornar não apenas coautores de sua criação, como também guardiões de sua história, de seu destino.

A verdade, como desvelamento, jamais busca encerrar o mundo na determinação de uma certeza, que elucide e solucione isso que o mundo é; de modo a nos dispensar de ter que pensar por nós mesmos o seu ser. Como o velamento é constitutivo de todo aparecer e como tudo que aparece tende a se velar, precisamos desenvolver certa habilidade poética e aprender que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais. Enquanto que, por sua vez, a verdade, como certeza, nos impede de descobrir o secreto começo das coisas, à medida que, no seu afã por ordem e progresso, transforma o mundo em uma massa opaca de objetos reunidos ao acaso, uma coisa vazia e indiferente – vida a fingir.

Todo esse longo percurso foi necessário para que pudéssemos restituir o sentido ontológico da palavra mito, e assim o assunto dessa comunicação, a concepção do sagrado, desde a perspectiva do candomblé, não pudesse ser visto como uma curiosidade pelo exótico. Isso porque já se faz urgente a necessidade de reconhecermos a riqueza e a grandeza do pensamento dos povos africanos, nesse caso, em particular, falamos dos nagôs, e, assim, poder aprender a visão de mundo, guardada em seus mitos. A urgência desse reconhecimento não se dá apenas devido a um ajuste de contas com o nosso próprio passado, apesar de isso, por si só, já valer como justificativa. É urgente reconhecer a validade desse pensamento, que ainda vigora nos terreiros de norte a sul do país, para que possamos, quem sabe, nos lembrar do fundamento do mundo e, assim, superar a dominação da ciência e do capital, que nos ameaça com sua indigência. A superação dessa indigência corresponde à compreensão de que a vida não é só isso que se vê, mas que isso que não se pode ver é a fonte originária de tudo que aparece, nasce e vive.

Podemos perceber vários elementos comuns entre a religiosidade de matriz africana praticada hoje e a grega arcaica, assim como a de tantos outros povos; como bem nos mostram vários estudiosos de mitologia. Contudo, antes de buscar a explicação para esse fenômeno em alguma estrutura psicológica ou biológica que condiciona o comportamento do homem primitivo, devido à precariedade de seu intelecto, deveríamos perceber que a semelhança provém justamente de que esses povos não tomam o homem como a medida de todas as coisas, e, portanto, essa visão de mundo se funda no modo como a natureza e seus fenômenos, como nascimento e morte, dia e noite, a água e a chuva, a terra e o rio, o ar e a tempestade (etc.) mostram os vestígios do sagrado e podem ensinar sobre o misterioso milagre da vida, que é dádiva dos deuses.

Desse modo, os orixás, as divindades do panteão nagô, não são apenas imagem e semelhança do homem, no sentido de serem seres antropomorfizados e ligados exclusivamente ao modo de ser dos humanos. O orixá é justamente o elo entre as forças da natureza e o humano, que “religa e irmana a humanidade a si mesma e ao mundo da criação” (ROSÁRIO, Claudia Cerqueira do. O conceito de orixá. In Ítaca, n. 25, p. 22). De modo que, o culto dos orixás não é de ordem sobrenatural, como se as divindades habitassem um além. Pelo contrário, nele “vivenciam-se as forças que permeiam a criação em seus diversos níveis”. Isso significa dizer que, para os nagôs, o ato da criação não está situado em algum passado remoto, nem os orixás são deuses ociosos que assistem, em um além, o desenrolar da vida dos homens. O espetáculo da criação se desenrola a todo o momento, ininterruptamente; de modo que cada pessoa, cada árvore, cada animal, cada pedra está sendo animada, sustentada, ou melhor, mantida viva, graças à circulação do axé divino.

Para os nagôs, o orixá não está fixado em nada, não é, de fato, coisa alguma. O orixá é uma força pura – o axé –, que está presente em todos os seres. Essas forças, na origem dos tempos, se espalharam diferenciando-se nas diferentes formas de vida, criando, assim, o mundo e, desde então, perpetuam, a cada dia, essa criação. O axé, portanto, é o que há de mais fundamental, de modo que sem ele não há vida – sem a sua circulação, o mundo simplesmente degenera. Desse modo, para essa visão de mundo, não há diferença hierárquica, grau de importância, entre nós, as árvores, os animais, as pedras e tudo o mais que habita esse mundo. Todos somos filhos dos orixás, pertencemos a uma mesma família cósmica, o que denota a dimensão ecológica desse pensamento.

Para os nagôs, os mitos revelam todo um conhecimento sobre o fundamento sagrado do mundo. Essas histórias nos contam a estreita relação entre deuses e homens, a ponto de a divindade, em certos rituais, tomar o corpo de um de seus devotos para consumar essa proximidade e partilhar com os homens seu axé. Essa manifestação do divino no humano é o epicentro não apenas de um ritual religioso, mas de todo um aprendizado da dimensão oculta da realidade, por meio da qual o homem compreende o fundamento do mundo, tornando-se, assim, seu guardião. Tal experiência promove no homem a compreensão da necessidade de responsabilizar-se pela vida, demandando a excelência de suas ações e comportamentos. No entanto, é próprio da força a sua dissipação, por isso o axé precisa ser plantado, cultivado, conservado. O poder, para continuar poderoso, necessita ser continuamente revigorado no tempo, realimentado, senão passa e não circula mais. Por isso a grandeza de quem traz dentro de si o vigor da divindade. Junto a essas pessoas nos aproximamos e podemos vislumbrar o que é ser no extraordinário.

Assim são grandes aqueles filhos e filhas de santo, que transitam entre o humano e o divino. Exemplos de grandeza e dignidade de quem cuida do fundamento sagrado do mundo. No êxtase do transe, o corpo é tomado por uma força que vem de dentro do coração e, assim, experimenta uma outra pulsação, um outro ritmo, um estado de máxima intensidade da força vital, cuja grandeza extravasa no olhar, nas feições do rosto, na gestualidade dos movimentos. Nesse momento, já não é mais o indivíduo particular, mas sim o òrìsà que age através de seu corpo. Nesse instante, tudo é divino, como convém ao real







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