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Rodin. São João Batista. |
Uma manhã,
batem na porta do ateliê; vejo entrar um italiano acompanhado por um de seus
compatriotas, que já havia posado para mim. Era um camponês, de Abruzzes,
distante da cidade de seu país natal, e que veio se propor como modelo. Ao
vê-lo, fui tomado de admiração; este
homem rude, hirsuto, exprimia em seu modo de andar, em sua força física, toda a
violência, mas também toda a característica mística de sua raça.
Pensei,
imediatamente, em um São
João Batista, quer dizer, um homem da natureza, um iluminado,
alguém que acredita; um precursor que veio anunciar alguém maior do que ele. O
camponês se despiu, subiu na mesa giratória como se não tivesse jamais posado;
ele se instala, a cabeça levantada, o dorso reto, sustentando-se sobre as duas
pernas abertas como um compasso.