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terça-feira, 12 de dezembro de 2017
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
Os fragmentos de Heidegger sobre Paul Klee
Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback
Esses fragmentos correspondem às anotações
feitas por Heidegger em 17 folhas, algumas de formato A-5 e outras em folhas
ainda menores, sem nenhuma indicação de ordem ou estrutura. Nenhuma dessas
anotações encontra-se datada. Elas foram publicadas pela primeira vez por
Günter Seubold, sob o título Heideggers nachgelassene Klee-Notizen, in
Heidegger-Studies, 1993,
n°9, p.5-12. Segundo G. Seubold, algumas dessas anotações
foram certamente escritas depois de 1956. Seubold as dividiu em três
categorias: a) as citações de Klee anotadas por Heidegger; b) os títulos de
obras de Klee anotados por Heidegger; c) os pensamentos de Heidegger sobre Klee
e a arte moderna. Os pensamentos-fragmentos de Heidegger sobre Klee e a arte
moderna foram, por sua vez, subdivididos em quatro temáticas: c.1) a relação
com o ensaio de Heidegger sobre a Origem da Obra de arte (1935/36); c.2) a arte
de hoje; c.3) a posição especial de Klee: plasticidade, trazer à tona; a
relação com Cézanne e a “arte” oriental; c.4) a metamorfose da arte.
A
presente tradução buscou destacar os fragmentos de Heidegger citados por
Seubold, na edição mencionada, a fim de proporcionar ao leitor de língua
portuguesa o seu caráter de notas e fragmentos. Alguns trechos do artigo de
Seubold foram traduzidos integralmente como a referência de Heidegger ao ensaio
sobre a Origem da Obra de Arte de 35/36 e a proposta interpretativa de Seubold.
As passagens de Paul Klee anotadas por Heidegger não foram traduzidas. Elas são
passagens bem conhecidas de, sobretudo, dois textos, a Confissão Criadora e a Teoria
da Arte Moderna.
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Heinrich Rombach. Filosofia e poesia: uma busca
FILOSOFIA E POESIA: UMA BUSCA
Heinrich Rombach
1. Desafio
A forma originária do poeta se
expõe no mito de Orfeu. Orfeu é o cantor do tempo imemorial capaz de falar a
todos os seres e cujo canto encantava a natureza, tanto a viva quanto a não
viva. O mito deste poeta culmina na tentativa de libertar Eurídice, sua mulher
recém-morta, a quem ele quer retirar do mundo subterrâneo. Embora não deva
olhar este mundo, ele olha. E ao olhar, perde Eurídice e seu canto passa a ser
de luto e tristeza. Como diz esse mito, a poesia pode tornar vivos os mortos.
Isso diz, por sua vez, que a presença em poesia está ‘morta’. De início, tudo
está simplesmente ‘morto’, necessitando de uma fala autêntica que se lhe dirija
a fim de adquirir vida própria, isto é, de adquirir uma vida que mereça esse
nome. Poesia é a força fundamenta da vida ou, em outras palavras, um acontecer
curioso e inexplicável em que algo se ergue e desperta para dimensões de um
plano elevado da presença, a saber, para a vida. Vida é um processo de despertar.
Todo despertar é poético. O ‘poma’ é apenas uma forma específica da poesia
subjacente e atuante em todo ser que permite com que oda a realidade ‘se abra’
em seu fundamento.
Esse movimento fundamental de
toda a realidade parece descobrir sua contradição num movimento inverso: a
‘virada’, o verter-se para, o passo atrás, rumo às fundações. Em suma, a
re-flexão. Diz-se do patriarca da filosofia, Sócrates, que ele teria sido o
mais sábio dos homens por ter realizado integralmente, e pela primeira vez, essa
virada, apreendendo o fundamento mais interior da presença como precipício e
chegando, assim, à tese fundamental do ‘sei que nada sei’. Ambos os movimentos,
voltar para trás e verter-se para cima, filosofia é poesia, parecem se
contradizer e combater. O poeta perde a ‘palavra afluente o se apoiar em
‘conceitos reflexivos’, o filósofo perde sua credibilidade ao errar pela
‘poesia’. Apesar de estarem em contínua relação e se engancharem um no outro no
verter e reverter, ambos trabalham em direções contrárias e precisam se evitar.
Evitar, porém, é também uma forma de buscar, uma forma acentuada de decantação.
A história espiritual das
culturas caracteriza-se, quase sempre, pelo relacionamento de contraposição
entre poesia e filosofia e, talvez, a tensão fundamental, que distingue o ser
humano em meio a toda a natureza, possa ser apreendida como a copertinência de
dois movimentos elementares contrários, como desafio entre filosofia e poesia.
Texto de Heidegger: O problema de um pensamento e de uma linguagem não-objetivantes na teologia atual
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO A PONTOS DE VISTA
CAPITAIS PARA O COLÓQUIO TEOLÓGICO SOBRE “O PROBLEMA DE UM PENSAMENTO E DE UMA
LINGUAGEM NÃO-OBJETIVANTES NA TEOLOGIA ATUAL”[1]
M.
HEIDEGGER.
Freiburg I.
Br., 11 de março de 1964.
O que
é, nesse problema, a coisa digna de questão? Tanto
quanto vejo, são três os temas que precisam ser pensados.
1. Antes de
tudo cabe determinar o quê que a teologia, enquanto um modo do pensamento e da
linguagem, tem a discutir. É a fé cristã e isso que nesta fé constitui o seu
fidedigno (sein Geglaubtes). Somente
se se ganha clareza quanto a isso, pode ser perguntado como o pensar e o falar
precisam ser considerados, de modo que correspondam ao sentido e à reclamação
da fé e de modo ainda que, assim, seja evitado que se introduza na fé
representações que lhe são estranhas.
2. Antes de
se encaminhar uma discussão a respeito do pensar e do falar ñao-objetivantes,
faz-se absolutamente necessário considerar o que é entendido como o pensamento
e a linguagem objetivantes. Com isso levanta-se a questão se todo pensamento
como pensamento, se toda linguagem como linguagem já são ou não objetivantes.
Se se mostra que o pensamento e
linguagem de modo algum já são objetivantes em si mesmos, então isso conduz a
um terceiro tema.
3. Cabe
decidir em que medida o problema de uma linguagem e de um pensamento
não-objetivantes constitui-se realmente num autêntico problema. Cabe pois
decidir, se com isso não é questionado algo que apenas incidentalmente pensa a
coisa em questão e assim desvia do tema da teologia, confundindo-o inutilmente.
Nesse caso, o colóquio que ora se realiza teria a tarefa de tornar claro para
si mesmo que ele, com seu problema, se encontra num caminho que leva a lugar
nenhum (auf einem Holzweg). Isso
seria, assim o parece, um resultado apenas negativo do encontro. Mas isso é
apenas uma aparência, pois, na verdade, teria como conseqüência inevitável que
a teologia enfim e decisivamente ganharia clareza a propósito da necessidade de
sua tarefa capital – não articular as categorias de seu pensamento e o modo de
sua linguagem desde empréstimos tomados à filosofia e às ciências, mas pensar e
falar especificamente (sachgerecht) a
partir da fé para a fé. Se esta fé, segundo sua própria convicção diz respeito
ou vem ao encontro do homem como homem em sua essência, então o autêntico
pensar e falar teológicos não precisam de nenhum dispositivo prévio e especial
para atingir os homens e neles encontrar ressonância, atendimento.
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Entre pensar e ser, Heidegger e Parmênides
Fernando Mendes Pessoa*
Resumo: O propósito deste texto é mostrar como
Heidegger, em seu projeto de superação da metafísica moderna, recoloca a
questão do sentido do ser através de uma repetição da compreensão da identidade
entre ser e pensar indicada por Parmênides. Essa demonstração visa esclarecer o
projeto heideggeriano de desconstrução da noção vigente de verdade como
adequação através da interpretação da verdade como descobrimento.
Palavras-chave:
Pensar, Ser, Essência Existência, Verdade.
domingo, 6 de agosto de 2017
O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, de Rosemberg Cariry
Em Caldeirão de Santa Cruz, beatos e penitentes, com muito esforço e quase nenhum estudo, souberam transformar o deserto em pomar, a fome em fartura, a opressão em solidariedade - uma ameaça para as elites civis, militares e eclesiásticas, que, mais uma vez, enviaram o exército para exterminar essa indesejada gente.
domingo, 30 de julho de 2017
quinta-feira, 13 de julho de 2017
segunda-feira, 26 de junho de 2017
sábado, 24 de junho de 2017
domingo, 18 de junho de 2017
Entrevista de Paulo Herkenhoff a Folha de São Paulo

Um dos críticos de arte e pensadores mais relevantes do país, Paulo Herkenhoff vem liderando ao longo dos últimos anos uma batalha pela igualdade racial - não só nas ruas, mas também nas coleções dos grandes museus.
segunda-feira, 12 de junho de 2017
quarta-feira, 24 de maio de 2017
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Sobre "O Abuso da Beleza"
Numa época como a nossa, em que as pessoas são agredidas
diariamente pelas coisas mais monstruosas, sem que possam registrar suas
impressões, uma produção estética se torna um caminho recomendado. Toda arte
viva, porém, será irracional, primitiva, complexa: falará uma língua secreta e
deixará documentos que não vão falar de edificação, mas de paradoxo.
Hugo Ball
A beleza é a promessa de felicidade.
Stendhal
Em seu livro O
abuso da beleza, publicado em português em 2015, Artur C. Danto busca
compreender o que levou vários artistas, do início do século XX em diante, a se
afastarem dos apelos visuais da beleza. E, com isso, descontrói a noção, comum
até hoje, de que a beleza é algo essencial para a arte, mostrando que existem outros
valores, várias possibilidades para a experiência artística.