quarta-feira, 29 de abril de 2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O diálogo da diversidade – Uma visão do acervo da Galeria Matias Brotas

Fernando Pessoa (18)

O diálogo da diversidade – Uma visão do acervo da Galeria Matias Brotas
Curadoria de Fernando Pessoa


Rosa Oliveira, Shirley Paes Leme, Renata Egreja

Pensar é estar doente dos olhos.
Alberto Caeiro

Logo ao primeiro olhar, fica evidente no acervo da Galeria Matias Brotas a diversidade de suas obras: vários artistas, diversos estilos, diferentes concepções de arte; pinturas, esculturas, fotografias, desenhos, objetos... Como o propósito da exposição é mostrar o acervo, imediatamente surgiu a questão de como é possível apresentar ao público uma visão dessa diversidade, não adotando nenhuma perspectiva ou conceito determinados, sem que essa mostra se torne um amontoado de obras. Como resposta a tal problema, surgiu a ideia de conceber a própria exposição como uma obra de arte, compondo um diálogo entre as suas obras, a partir da associação de semelhanças no seio da própria diversidade.

sábado, 25 de abril de 2015

A guerra do fim do mundo

Trecho de entrevista de Mario Vargas Llosa concedida ao programa Roda Viva

Juliana Pessoa. Cemitério de Canudos. Intervenção digital sobre desenho


Jorge Schwartz: [...] Há uns quinze anos, você afirmou para a Cremilda Medina, uma entrevistadora jornalista, que você estava totalmente convencido de que o melhor livro que você tinha escrito na sua vida era A guerra do fim do mundo. Eu queria saber se essa sua afirmação é válida ainda hoje ou se aquilo foi um golpe publicitário. E também quero dizer que eu acho que, no Brasil, quem leu A guerra do fim do mundo, acho que não vai perdoar um pouco você por ter feito de Euclides da Cunha uma personagem, assim, bastante anódina.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O método fenomenológico


O Curupira é aquele que, como na canção de Siruiz, quando vai pra frente volta pra trás:

Olererê 
Baiana...
Eu ia 
e não vou mais...
Eu faço que vou
lá dentro, ó Baiana:
e volto 
do meio
p'ra trás!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A exposição de Paulo Mendes da Rocha no Museu Vale

Fernando Pessoa (17)

“O monumental confronto natureza e construção”
(resenha publicada na revista Dasartes)


A exposição de Paulo Mendes da Rocha no Museu Vale é uma aula de arquitetura, no sentido de mostrar o elemento mais arcaico e fundamental da construção arquitetônica: a transformação da natureza em habitação – ou, nas palavras do mestre, “a deliciosa transformação do lugar inóspito em lugar habitável”

terça-feira, 21 de abril de 2015

A exposição Água viva, de Shirley Paes Leme, no Museu Vale

Fernando Pessoa (16)
Reflexões artísticas da realidade
(resenha publicada na revista Dasartes)
A exposição Água viva, de Shirley Paes Leme, no Museu Vale
A exposição Água viva, de Shirley Paes Leme, no Museu Vale, promove uma reflexão que transfigura esteticamente a realidade em obra de arte.

sábado, 11 de abril de 2015

Receita de pão e pizza




Cio da terra
Pena Branca e Xavantinho

Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Arte e verdade no pensamento de Heidegger

Fernando Pessoa (5) 


Desde Ser e tempo, o propósito do pensamento de Heidegger é recolocar a questão do sentido do ser, através de um questionamento acerca da essência da verdade. O seu ponto de partida consiste no que ele caracterizou como “esquecimento do ser”. Logo na abertura de Ser e tempo, ele constata que a questão que fomentou as pesquisas dos antigos pensadores gregos foi esquecida no pensamento moderno, tornando-se o ser o conceito mais universal, indefinível e evidente por si mesmo – a última fumaça de uma realidade evaporante, de acordo com a sentença de Nietzsche. A partir da compreensão de que estamos decaídos no império do esquecimento do ser, Heidegger propõe recolocar a questão de seu sentido, através de uma investigação acerca do fenômeno originário da verdade: “Se verdade encontra-se num nexo originário com o ser, então o fenômeno da verdade remete ao âmbito da problemática ontológica fundamental.”[1] Podemos dizer que toda a tarefa, o propósito, a causa ou o assunto do pensamento de Heidegger foi recolocar a questão do ser, através de um deslocamento de nossa compreensão de verdade, do sentido derivado da certeza de uma adequação correta, para o seu sentido original de desencobrimento.



[1] Martin Heidegger. Ser e tempo §44. Trad. Marcia de Sá Cavalcante. Petrópolis, RJ: Vozes, 1988, p. 281 [Sein und Zeit. Tübingen: Max Niemeyer, 1986, s. 213]. Todas as citações deste texto são de M. Heidegger.

Arte e verdade no pensamento de Nietzsche

Fernando Pessoa (4)


A relação entre arte e verdade sempre foi pensada no Ocidente a partir de um paradigma fundamental: a separação entre ser (essência inteligível) e aparecer (aparência sensível); e a conseqüente vinculação do ser ao conhecimento filosófico-científico e do aparecer à arte. Após o exemplo socrático da expulsão do poeta da cidade ideal, a tradição filosófica passou a interpretar a relação entre arte e verdade desde a contraposição aparência versus essência, sensível (corpo) versus inteligível (alma), ilusão versus verdade. Nesse sentido, a arte veio a ser interpretada como uma atividade que manifesta a beleza sensível, aparente e ilusória do real, o belo estético, sendo, portanto, oposta ao conhecimento científico da verdade, compreendido como uma certeza inteligível, essencial e efetiva do que as coisas são. A tradição ocidental do pensamento, ao pressupor a separação entre ser e aparecer, contrapôs arte e verdade na disjunção “sensível e inteligível”, concedendo um maior valor a esse, como fundamento da ciência, do que àquele, como princípio da arte.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Joseph Beuys e o pensamento essencial da arte

Juliana Pessoa (5)

Juliana Pessoa. Uma lebre para Beuys. Grafite sobre papel.

Mesmo quando o camponês se afana e trabalha,
Quando a semente se transforma no verão,
Nunca é ele que alcança. É a terra que presenteia.
Rainer Maria Rilke

Joseph Beuys foi um artista alemão da segunda metade do século XX, que produziu um riquíssimo legado que inclui desenhos, esculturas, instalações, ações, bem como diálogos e palestras públicos, tendo, para isso, se utilizado dos mais inusitados tipos de matéria, tais como: gordura vegetal, feltro, mel, animais (vivos e mortos), plantas, baterias, quadros negros. E, além disso, ampliou o horizonte de possibilidades materiais da arte, incluindo a linguagem, a vontade e o pensamento como “matérias” fundamentais a serem trabalhadas pelos artistas. Exemplo disso é sua obra Bomba de mel no local de trabalho, realizada na Ducumenta de Kassel, em 1977, que consistiu em 100 dias de conferências públicas, envolvendo milhares de pessoas, fazendo assim do próprio pensamento a sua obra.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Europa - Fotografias

Fernando Pessoa (3)



Auto-retrato em quadro de Francis Bacon





A linha da mão esquerda: João Cabral crítico de Joan Miró



Fernando Pessoa (2)
















§ Conforme depoimentos em diversas entrevistas, João Cabral de Melo Neto sempre manifestou o seu desejo e vocação para a atividade crítica, seja a de si mesmo, a crítica sobre a sua própria poesia, ou uma crítica ao outro – “Meu ideal foi sempre ser crítico literário. (...), mas a minha poesia é quase sempre crítica.”[1] Essa vocação se revela em toda a sua obra, sendo tema constante de suas poesias, bem como motivo de uma antologia organizada pelo próprio poeta, o livro Poesia crítica, na qual escreveu como apresentação na Nota do autor: “Este livro reúne os poemas em que o autor tomou como assunto a criação poética e a obra ou a personalidade de criadores poetas ou não.”[2] Nesse sentido, conforme o seu assunto e estrutura, essa antologia foi dividida em duas partes: a primeira, intitulada Linguagem, onde João Cabral faz crítica da própria atividade poética, e a segunda, intitulada Linguagens, onde ele faz a crítica da obra ou da personalidade de criadores, poetas ou não. Dentre os diversos criadores abordados pela sua poesia crítica, encontramos, no poema O sim contra o sim, o pintor Joan Miró. Além deste poema, Cabral também escreveu um longo ensaio sobre Miró, intitulado Joan Miró, que foi publicado, em sua primeira edição, numa pequena tiragem de luxo, com gravuras originais de Miró, e hoje se encontra editado em suas Obras completas.



[1] João Cabral de Melo Neto – Edla van Steen, Viver e escrever, v. 1, Porto Alegre, L&PM, 1981. In: Félix de Athayde, Idéias fixas de João Cabral de Melo Neto, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, FNB; Mogi das Cruzes, SP: Universidade Mogi das Cruzes, 1998.
[2] João Cabral de Melo Neto, Poesia crítica (antologia). Rio de Janeiro: José Olympio, 1982.


Da travessia do grande sertão (o destino de Riobaldo)



Fernando Pessoa (1)






O assunto deste texto é a travessia do grande sertão; o seu propósito é pensar, a partir de uma interpretação do sentido de sertão em Grande sertão: veredas (GSV), o nexo fundamental, a conexão original que João Guimarães Rosa (JGR) indicou haver entre grande sertão e travessia – este texto propõe mostrar, com o exemplo do destino de Riobaldo, como a travessia corresponde ao modo mais apropriado de se viver no sertão, como ela constitui o mundo do jagunço, o destino do homem jogado na vida, sua liberdade.